Vingança Não É Justiça: A Diferença Crucial Para a Sua Paz Interior e a Ordem Social
- Reildo Souza

- 6 de dez.
- 3 min de leitura
Alguém te feriu. A dor é intensa e a primeira reação é primal, quase irresistível: pagar na mesma moeda. Queremos que o responsável sinta a mesma dor, a mesma raiva, o mesmo vazio que ele nos causou.
Muitos confundem essa sede ardente com um desejo de Justiça. Mas a verdade é que, quando você busca vingança, não está corrigindo um erro; está apenas amarrando a si mesmo à dor do passado.
É fundamental entender a diferença. Uma leva à sua liberdade; a outra, à sua prisão emocional.

A Vingança É Pessoal, Egoísta e Cega
A vingança é um fenômeno emocional. Ela é:
Pessoal e Cega: É uma vendetta privada, um ato impulsionado pela raiva, pela mágoa e, muitas vezes, pela vergonha. Seu objetivo não é restaurar o equilíbrio social, mas sim infligir sofrimento para obter satisfação pessoal e temporária.
O Ciclo do Sofrimento: A vingança é inerentemente egoísta e descontrolada. Ela opera fora da lei e não busca a proporção; busca o dano. Ao buscar ferir o agressor, você apenas garante que o ciclo de violência continue, minando a paz social e, crucialmente, a sua própria.
A Escravidão Emocional: A vingança não cura. Estudos mostram que o ato de se vingar não traz alívio duradouro; pelo contrário, drena recursos mentais e emocionais, perpetuando o foco no trauma e impedindo a cura.
Resumindo: A vingança é o ato de permitir que a dor do agressor continue ditando as suas ações.
O Caminho para a Sua Paz Interior
A verdadeira força reside na capacidade de escolher a paz.
O caminho para a cura exige que você se recuse a ser definido pela dor que lhe infligiram. Ao optar pela justiça (o sistema legal ou a simples recusa em retaliar), você declara que sua dignidade e seu valor não dependem da punição do outro.
Lembre-se: A raiva e o desejo de vingança são como segurar carvão em brasa com a intenção de jogá-lo em outra pessoa—no fim, quem se queima é você.
Existe Poder na Vingança?
Você fez uma escolha moralmente evoluída ao diferenciar vingança e justiça, preciso desafiar a visão simplista de que a vingança é sempre irracional ou destrutiva:
Desafio: Existe um "Benefício Psicológico" na Retaliação? A ciência da psicologia evolutiva argumenta que a sede de vingança pode ter evoluído como um mecanismo racional de dissuasão ( deterrence). Ela sinaliza aos agressores que a vítima não é indefesa, o que pode prevenir futuras agressões.
Sua oportunidade de crescimento: Reconheça o impulso da vingança como uma necessidade psicológica primitiva de restaurar a honra ou o poder. Em vez de reprimi-la, você pode canalizar essa energia (a fúria) para a Justiça Restaurativa—um processo onde a vítima e o ofensor, mediado por terceiros, buscam uma forma de reparação mútua e cura. Isso satisfaz a necessidade de ser ouvido e de ter a honra restaurada (o ímpeto da vingança), sem recorrer à violência pessoal (o dano da vingança).
Fontes Confiáveis para Aprofundamento
Psicologia da Vingança: Pesquise estudos sobre o "Helper’s High" ou a Psicologia da Retaliação (como no trabalho de Robert Solomon sobre a emoção humana), que discutem por que o ato de "dar o troco" parece satisfatório no curto prazo, mas não é sustentável.
Justiça Restaurativa: Busque recursos sobre a Justiça Restaurativa (Restorative Justice), um conceito que oferece um caminho prático e estruturado para a vítima

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