Você Não É Tão Inteligente Quanto Pensa (E Não Há Problema Nenhum!)
- Reildo Souza

- há 13 horas
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Sócrates Tinha Razão Desde o Início
Imagine entrar em um debate, completamente convencido de que está certo, apenas para ser humilhado por alguém que realmente sabe do que está falando. Parece familiar? Esse é o Efeito Dunning-Kruger em ação—o delicioso viés cognitivo em que pessoas que sabem pouco sobre um tópico acham que sabem de tudo, enquanto aquelas com conhecimento profundo tendem a duvidar de si mesmas porque veem a complexidade do assunto.

Mas adivinhe? Mais de 2.000 anos antes de os psicólogos Dunning e Kruger darem seus nomes a esse efeito, Sócrates já o tinha descoberto. Sua famosa afirmação—"Só sei que nada sei"—não era apenas poesia filosófica. Era uma profunda percepção sobre a ignorância humana e os perigos da autoconfiança excessiva.
A pessoa mais sábia, argumentava Sócrates, não é aquela que pensa ter todas as respostas, mas aquela que reconhece a própria ignorância e continua a fazer perguntas. E se aplicássemos um pouco mais de sabedoria socrática hoje, poderíamos evitar muitas discussões desnecessárias, sobre-estimações embaraçosas e decisões de vida ruins.
Por Que Achamos Que Sabemos Mais do Que Sabemos
Nossos cérebros adoram atalhos. Aprender um pouquinho sobre algo nos dá uma falsa sensação de expertise. É por isso que pessoas que assistem a alguns vídeos no YouTube sobre investimentos de repente pensam que podem superar Wall Street, ou por que alguém que folheou um artigo sobre saúde acredita que pode discutir com um médico.
Mas os verdadeiros especialistas—aqueles que estudaram um assunto profundamente—tendem a hesitar antes de fazer afirmações ousadas. Não porque estão incertos, mas porque compreendem a complexidade das coisas. Eles veem as áreas cinzentas. Eles fazem mais perguntas. Em suma, eles fazem exatamente o que Sócrates fazia: permanecem humildes diante do conhecimento.

O Antídoto Socrático: Empatia e Pensamento Crítico
O problema não é apenas que superestimamos nosso conhecimento—é que resistimos a corrigi-lo. Ficamos na defensiva. Reforçamos opiniões ruins. Preferimos "vencer" uma discussão a admitir que não sabemos de algo.
Sócrates, no entanto, tinha uma abordagem diferente: ele fazia perguntas. Em vez de dar sermões, ele fazia as pessoas pensarem sobre a sua própria lógica, expondo contradições e suposições falhas. Esse Método Socrático ainda é uma das melhores maneiras de desenvolver o pensamento crítico e superar o Efeito Dunning-Kruger.
Sócrates não debatia para "vencer"—ele buscava a compreensão. A Empatia funciona da mesma forma. Ela nos lembra que não temos todas as respostas e que os outros têm perspetivas que merecem ser ouvidas.
Antes de descartar a opinião de alguém, pergunte por que essa pessoa acredita nisso.
Em vez de provar que alguém está errado, tente compreender o seu raciocínio.
Reconheça que todos (incluindo você) têm pontos cegos.
Ao aplicar a empatia, afastamo-nos da arrogância do "eu sei melhor" para a humildade do "talvez haja algo que eu não considerei".
Sócrates nunca aceitou ideias cegamente—ele questionava tudo. O Pensamento Crítico faz o mesmo. Em vez de assumir que estamos certos, aprendemos a perguntar:
"E se eu estiver errado?"
"Onde estão as provas?"
"Eu acredito nisso porque é verdade, ou porque quero que seja verdade?"
Pensar criticamente força-nos a desacelerar, avaliar as nossas crenças e (o mais importante) admitir quando não sabemos de algo. Sócrates ficaria orgulhoso.
Um Pouco de Ignorância É Saudável
No final das contas, admitir que não sabemos de tudo não é fraqueza—é sabedoria. Quanto mais abraçamos a nossa ignorância, mais nos abrimos para aprender, crescer e, de facto, tornarmo-nos mais inteligentes.
Então, da próxima vez que se sentir um pouco demasiado certo sobre algo, dê um passo atrás Socrático. Faça mais perguntas. Mantenha a curiosidade. E o mais importante—seja mais como Sócrates, e não como a pessoa mais barulhenta na sala.

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