Eu Não Priorizo Aqueles Que Me Tratam Como Opção.
- Reildo Souza

- 7 de dez.
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Atualizado: 9 de dez.
A sensação de ser deixado de lado, de ter o nosso valor diminuído aos olhos de alguém, é um eco doloroso que todos conhecemos. Surge, então, a tentação de levantar muros, de aplicar a lógica fria de "Eu os tratarei como eles me tratam". Mas essa armadura, por mais sedutora que seja, esconde um labirinto de solidão e o risco de nos transformarmos exatamente naquilo que nos fere tão profundamente.
Não se trata de negar a dor, mas de encará-la com a sabedoria de quem compreende a complexidade das relações. Precisamos perguntar: Estamos construindo o autorrespeito ou apenas nutrindo a rigidez?
É fácil cair na armadilha de pintar a outra pessoa como o vilão, de ver as suas ações como um reflexo direto do nosso valor. Esquecemos que cada pessoa carrega um universo de lutas, muitas vezes silenciosas e invisíveis. O amigo que se afasta, o colega que nos ignora, pode estar navegando em tempestades internas que desconhecemos. Cortar laços sem tentar entender é fechar portas para finais alternativos, para a chance de encontrar a humanidade que reside em todos.
As relações humanas não seguem uma lógica cartesiana. Contar gestos, esperar reciprocidade milimétrica, transforma o amor e a amizade em meras transações. Essa abordagem fria e calculista prende-nos num labirinto de expectativas rígidas, onde a solidão se torna o preço da "justiça". E o que resta, senão um eco vazio, a lembrança de que tínhamos razão, mas estávamos terrivelmente sós?
A Retaliação, o ato de devolver a frieza na mesma moeda, transforma-nos num reflexo daquilo que nos magoou. Construímos um ciclo vicioso de desprezo, onde somos, simultaneamente, vítima e agressor. A sutileza com que nos tornamos aquilo que criticamos é assustadora: cancelamos o outro antes de perguntar "porquê?", fechamos portas antes de entender a jornada do outro.

O verdadeiro autorrespeito reside no delicado equilíbrio entre proteger-se e abrir-se. É a capacidade de estabelecer limites saudáveis sem se isolar numa fortaleza de ressentimento. Antes de cortar laços, perguntemos: "Está tudo bem?". Antes de julgar, lembremo-nos: "Todos carregamos um peso invisível". E se, mesmo assim, a reciprocidade não chegar e a relação permanecer tóxica, que nos afastemos, mas com paz, e não com amargura.
Todos cometemos erros, todos precisamos de segundas oportunidades. Antes de nos rotularmos como "opção" de alguém, respiremos, ouçamos, compreendamos. O aparente descaso pode esconder um grito silencioso por ajuda, um apelo à empatia.
O autorrespeito não é sobre fechar portas, mas sobre escolher quais merecem permanecer abertas. É sobre encontrar a sabedoria para amar sem se perder, para proteger-se sem se isolar, para lembrar que, no final, todos somos humanos, imperfeitos e merecedores de compaixão.


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